21 outubro 2007

A Herança do Vazio

De Kiran Desai

O Livro foi vencedor do Man Booker Prize 2006, e digo isso porque foi esse o motivo que me levou a lê-lo.

A autora é Indiana, e, tal como em O Deus das Pequenas Coisas, um livro sobre a Índia que curiosamente foi também vencedor de um booker prize em 1997, a sua leitura foi-me difícil.

Em ambos os tempos narrativos são intercalados entre passados e presente, e em ambos também me fica uma sensação de lenta agonia misturada com tristeza. Encontro-lhes passagens poéticas, de poesia sobre o feio ou horrível, se é que isso existe, e isso confunde-me. Encontro-lhes também uma certa inevitabilidade no ser, o que me irrita profundamente.

E se no segundo, que li já há algum tempo, tenho a vaga recordação de uma das personagens principais como alguém com interesse em si, já naquele de Kiran Desai apenas encontro uma personagem com piada, verdadeiro optimista e lutador, num “mundo imundo” (como diz a canção de Alcione): um negro clandestino, cheio de manha e alegria de viver, a que me colei com alguma esperança de que conseguisse tornar menos penosa a leitura.

Li-os ambos até ao fim, são poucos os livros que deixei por ler daqueles que começo, mas como dizia M, em Campanhã, depois de feitas as contas às horas de leitura que me restam, parece-me que perdi o meu tempo.

Alguém com diferente opinião me gostaria de “rentabilizar” a leitura? Há tantas coisas que não lemos nos livros quando entramos pelo seu lado errado.

4 Comments:

At 23/10/07 19:14, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

sobre este nome: nada. não posso ajudar e pelo que escreveste até já me parece que nunca irei por ele (já estou a sentir o vazio).

 
At 23/10/07 22:58, Blogger isi said...

é...com o tempo tão bem repartido e preenchido (como só te conheço a ti) calha mal quando se preenche aquele que está destinado à leitura com desapontamentos.Se não soubesse que tens dois palmos a mais na mesa de cabeceira à espera da sua hora, levava-te um último: La Nuit blanche de Saint-Pétersbourg de Michel de Grèce
FANTÁSTICO

 
At 24/10/07 19:12, Blogger jorge esteves said...

Às vezes, acontece, que o melhor do livro está na palavra FIM. Acho que sim, já experimentei isso. Mas sobra-me sempre alguma angústia de não ter criado em mim próprio, aquando da leitura, a predisposição para o que ele traz.
Abraço.

 
At 25/10/07 23:34, Anonymous Anónimo said...

M em campanhã, a referência ao teu post não estava com o devido link. Colmatei essa falta de tempo anterior.
A tua ideia de sentir o vazio é vertiginosa, talvez seja por aí que valorizarei a leitura :)

Isi, isso NÃO VALE, se acaso me conheces tão bem quanto dizes já ficas sabendo que a pulga se sentou atrás da orelha, traz o livro se faz favor, já sabes que fica num lugar acima dos dois palmos (estão divididos em dois montes, os para já e os para depois)
É que ando a precisar desse FANTáSTICO

Pois é Tinta Permanente, e era mesmo isso que procurava quando pedi ajuda, enfim, neste caso não a predisposição mas a "pósdisposição"

 

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