07 fevereiro 2007

“A insustentável leveza do ser” Milan Kundera Pode ser exagerado, mas recebi-o, quando o li pela primeira vez, como uma espécie de bíblia. Durante uns anos lembro-me sempre de recordar passagens deste livro, que me iam ajudando a compreender os trilhos que ia desbravando. A necessidade de decidir… a importância e o peso da decisão. O quanto é desnecessário o arrependimento. “Não há forma nenhuma de verificar qual das decisões é melhor porque não há comparação possível. Tudo se vive imediatamente pela primeira vez sem preparação. Como se um actor entrasse em cena sem nunca ter ensaiado.” O valor que tem o amor, e as diversas formas de se manifestar…a etimologia da palavra “compaixão” e como ela pode designar a “mais alta capacidade de imaginação afectiva”, “a telepatia das emoções”. O valor dos sonhos, enquanto obra criada, imaginada, enquanto forma de experimentar várias outras vidas. “O sonho não é apenas uma comunicação, é também uma actividade estética, um jogo de imaginação que tem um valor próprio.” “O sonho é a prova de que imaginar, sonhar com o que nunca existiu, é uma das necessidades mais profundas do homem”. E para não esgotar o próprio autor, termino agora, deixo-vos com esta imagem. “É natural que quem quer elevar-se sempre mais, um dia acabe por ter vertigens. O que são vertigens? As vertigens não são o medo de cair. É a voz do vazio por debaixo de nós que nos enfeitiça e atrai, o desejo de cair do qual, logo a seguir, nos protegemos com pavor.”

4 Comments:

At 7/2/07 23:38, Anonymous Anónimo said...

Olá Isi
Já sabia, A insustentável leveza do ser...
Lembro-me sempre da imagem final do filme, o carro a entrar no nevoeiro...
Sempre que desco do cimo do monte onde vivemos em dias de nevoeiro na cidade é um deslumbramento. Tudo coberto com um manto espesso e branco, aqui e além um monte mais alto onde se vêm surgir meia duzia de casas iluminadas pelo sol.
É simplesmente bonito.E digo sempre aos miúdos:
-preparem-se, vamos entrar no nevoeiro!o que invariávelmente os faz ficar em estado de suspensão!

 
At 7/2/07 23:42, Anonymous Anónimo said...

E mais...
Já não me lembrava que era deste livro incrível que vinha aquela que adoptei como minha definição pessoal de compaixão

 
At 8/2/07 12:08, Blogger isi said...

estou zangada.
mais uma vez o texto reembrulhou-se e espalhou-se na página como quis. E eu, não mando nada...?

faltam as pausas, mas será que aquelas palavras não me percebem?

porque são parágrafos diferentes, ideias diferentes....

acho que vou ficar suspensa no nevoeiro da tua compaixão, pode ser, por uns dias?

 
At 11/2/07 23:21, Anonymous Anónimo said...

Suspensa no nevoeiro da minha compaixão...Sempre caríssima Isi!
Não deve haver nada melhor que sentirmo-nos suspensos algures entre o desejo e a concretização da vontade, pois não?
Diverte-te e regressa breve, as tuas palavras saboreiam-se tal como os bons vinhos, e como eles nunca é demais saborear.

 

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