23 março 2007

histórias que fazem pensar

Hoje regresso com uma pequena história. É pequena mesmo. Quase nem é uma história. Mas tem-me feito pensar. Tenho uma varanda onde por vezes passo uns minutos, quase todas as noites. À frente da varanda um estacionamento, com umas ávores pelo meio. Quase todas as noites, oiço, demasiado alto, o som de música muito popular muito portuguesa, proveniente de um carro estacionado. Já sei a história. É um vizinho. Bebe muito. Todos os dias chega não sei de onde, com uma quantidade de alcool exagerada no seu corpo cansado e gasto. E fica ali, no carro, por vezes fica horas dentro do carro. Com a música alto a entrar-lhe ouvidos dentro. Em dias em que estou mais focalizada no que me rodeia, penso nele. Penso no porquê daquela terapia à chegada a casa. Será que ele acredita que ao entrar a música acaba por sair o alcool? E penso também e mais coisas..., penso no caminho que aquele senhor fez para chegar ali. Para chegar ao dia em que o seu único desejo parece ser chegar. Chegar ao estacionamento, ligar a música do carro bem alto, e ali ficar, anestesiado entre alcool e vozes cantadas. Até que a "coisa" passe. Amanhã será outro dia, mas para ele, amanhã já foi ontem e hoje. Todos os dias lhe parecem iguais. Que caminho terá feito para que a vida se tenha tornado assim. Porque se deixa ficar, porque será que perdeu a força para continuar a caminhar. Como é que acontece encontrarmo-nos assim, quietos, em sítios ou tempos de desconforto, de negação, de destruição...não seria suposto o instinto de auto-preservação fazer-nos sair rapidamente desse lugar? "- Estou perdido... - Sabe para onde quer ir? - Não... - Então qualquer caminho é bom!" (qualquer coisa como isto in Alice no País das Maravilhas)

7 Comments:

At 23/3/07 13:58, Blogger Helena Velho said...

..mas sabe Rita todos nós temos a nossa música alta e um carro parado algues antes de entrar em "casa"!!certamente disfarçamos melhor ou temos músicas mais suaves,carros mais discretos,estacionamentos mais distantes e ,talvez, não dependamos de nenhuma droga como o álcool, talvez!
Certamente esse senhor sabe onde quer ir, não encontrou ainda quem lhe indicasse o caminho ou lhe estendesse a mão para levá-lo até à entrada , porque nem sempre qualquer caminho é um bom caminho.

Bj.pensante

 
At 23/3/07 18:01, Anonymous Anónimo said...

Olá Maria,

Não sei se já reparou mas o blog tem mais colaboradores ( pessoas amigas que vou convidando..., posso convidá-la também?).

Nem sempre qualquer caminho é um bom caminho ... tem razão, fez-me lembrar Fernando Saavater quando diz que fazemos bem quando nos sentimos bem com o que fazemos, no entanto nem sempre sabemos lá chegar...
Logo mais nos encontraremos!

Beijo vespertino

 
At 23/3/07 18:01, Anonymous Anónimo said...

Olá Maria,

Não sei se já reparou mas o blog tem mais colaboradores ( pessoas amigas que vou convidando..., posso convidá-la também?).

Nem sempre qualquer caminho é um bom caminho ... tem razão, fez-me lembrar Fernando Saavater quando diz que fazemos bem quando nos sentimos bem com o que fazemos, no entanto nem sempre sabemos lá chegar...
Logo mais nos encontraremos!

Beijo vespertino

 
At 23/3/07 22:37, Blogger Helena Velho said...

Rita

Claro que reparei e apesar de ter "mudado temporariamente"( pq.para sempre é mto.tempo!!!!!) o nome do meu diário de Metadiálogos sou mais do que uma ervilha , sou uma mar(er)avilha...:))))))))
Como poderei contribuir???
Diga-me como.Aguardo.
Beijo à espera de Ritod!

 
At 23/3/07 23:56, Blogger isi said...

Olá,
quem sou eu?
sou a Isi, a postante da ultima historia.
Agradeço o comentário, e deixo-lhe a minha reflexão.
Parece-me sempre melhor caminhar que ficar parado. Não será?
Não será que ainda escolhendo o caminho errado, seja melhor andar, correr, tropeçar...e mais tarde, se realmente percebermos que não é o caminho certo, podemos sempre inventar pontes, mudar de rota, ou subir a uma árvore para lá do alto vislumbrar todo o horizonte em busca de uma outra luz.Não lhe parece?

 
At 24/3/07 00:54, Blogger Helena Velho said...

Olá Isi
O ser humano não foi concebido nem física,nem mentalmente(ou se quiser psicologicamente, já que hoje em dia poucas pessoas conseguem distinguir o que é cérebro do que é mente) para estar parado.Mas, esse caminho que fala no seu "post" não é , no meu ponto de vista, tão fácil de palmilhar nem de encontrar.Assim, caminhar, mesmo por caminhos errados( se é que os há, na acepção filosófica )é sempre melhor do que ficar parado a traçar caminhos alternativos que podem nunca levar ao "caminho"-e isto é a nossa condição humana, não é??
Portanto o que diz é tão válido como o facto de não querermos seguir qualquer caminho sem termos a rota traçada...porque todos têm o(s) seu (s)caminho(s) e mudar de rota é também caminho.
Que argumentação tão baralhada...amanhã com mais atenção vou rever o que aqui disse.
Mas, acho que estamos a falar a mesma coisa de forma diferente.

Bj.
HMV

 
At 25/3/07 22:37, Anonymous Anónimo said...

Olá Isi,
quando li o teu post lembrei-me imediatamente de uma coisa que me acontecia quando ainda trabalhava nos cuidados intensivos. Nos dias maus, em que saía esgotada e não dava para dar uma volta até acabar de "arejar " a cabeça, ía para casa a conduzir muito devagar, e com a música aos berros, literalmente. Podes não acreditar mas o som era tão alto que entrava por onde saiam todas as complicações que trazia na cabeça... tal como tu supões para o teu vizinho.
Bj

 

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