18 julho 2007

As Rosas de Atacama

Luis Sepúlveda

Um pequeno livro cheio de histórias. E de memórias.

“ Muito perto do cemitério estendemos os sacos-cama, e pusemo-nos a fumar e à escuta do silêncio: o murmúrio telúrico de milhões de pedras que, aquecidas pelo sol, estalam infinitamente com a violenta mudança de temperatura. Lembro-me que adormeci cansado de observar os milhares e milhares de estrelas que iluminam a noite do deserto e, ao amanhecer a 31 de Março, o meu amigo sacudiu-me para me acordar.

Os sacos de cama estavam empapados. Perguntei se tinha chovido e Fredy respondeu que sim, que tinha chovido miúda e subtilmente, como em quase todos os dias 31 de Março em Atacama. Quando me pus de pé, vi que o deserto estava vermelho, intensamente vermelho, coberto de pequenas flores cor de sangue.

- Ali as tens. As rosas do deserto, as rosas de Atacama.”

Deixem-me reler-vos:” Lembro-me que adormeci cansado de observar os milhares e milhares de estrelas que iluminam a noite do deserto…”,

porque nunca vi essas estrelas do deserto, mas me lembro de adormecer cansada de ver estrelas e mais estrelas, em noites de Talasnal, nas pedras quentes da eira.

2 Comments:

At 20/7/07 23:46, Blogger Ana M Marques said...

Ainda não me atrevi a entrar por Luís Sepulveda... Mas agora estou um cadinho mais curiosa!!!
Beijinhos

P.S. Devo começar por onde?

 
At 21/7/07 22:31, Anonymous Anónimo said...

Olá Ana

que bom o teu regresso.
Não sou especialista em Sepúlveda, mas, entre outros gostei muito de " O velho que lia romances de amor", e este livro de contos de que falo aqui, se quiseres posso emprestar :)

 

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