02 julho 2007

Sophia

Faz hoje três anos faleceu
vale a pena ir re(lembrando) as suas histórias e poemas. Aqui, por exemplo.
O POEMA
O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo
in Livro sexto, Sophia de Mello Breyner Andresen

4 Comments:

At 3/7/07 14:59, Blogger Helena Velho said...

Rita

Uma das minhas poetas/poetisas preferidas. Obrigada pela evocação de uma Mulher prodigiosa!
Um beijo de amizade.

 
At 4/7/07 11:49, Blogger jorge esteves said...

'Se tanto me dói que as coisas passem
é porque cada instante em mim foi vivo
na luta por um bem definitivo
em que as coisas de amor se eternizassem.'
, escreveu ela!
É sempre um grato prazer recordá-la...
Abraço.

 
At 4/7/07 22:30, Anonymous Anónimo said...

E é sempre com gosto que leio os vosso comentários.

Tal como vós tenho-a como uma grande senhora da Poesia mas também como uma grande personalidade do nosso tempo.
Beijinhos

 
At 9/7/07 00:41, Blogger Ana M Marques said...

Ui... Tenho andado distraída... nem vi este post com uma homenagem tão sentida e justa!!! Beijinhos

 

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