09 abril 2007

O Lobo das Estepes

O confronto entre negação e acomodação a uma sociedade que se desenvolveu no sentido do efémero e que não satisfaz a profundidade da alma humana. Acomodar-se pela educação, limitar-se a ser e a desfrutar do conforto adquirido. Negar tudo o que é convencional e recusar-se a beber da mesma água na mesma fonte. Sentir como são por vezes tão simplesmente construídos os momentos que nos dão prazer, e aceitar que são esses que afinal nos dão prazer. Ainda que, com a relutância de assim sermos apenas…mais um entre tantos seres vazios. Descobrir que dentro do eu residem múltiplos seres e que em proporções diferentes eles vão comandando os nossos sentimentos, as nossas atitudes, comportamentos…não somos unos, nem uma dupla personalidade variando gradativamente ao longo de um eixo linear. Somos a complexidade possível de retratar no cruzamento de todas as vivências que experimentámos. O lobo das estepes, o eu que se auto-rejeita porque se imagina perdido no mundo das razões para existir. E a luz, filtrada pelo nosso próprio caleidoscópio, que aparece sempre sob forma de um amigo.

7 Comments:

At 9/4/07 01:46, Blogger isi said...

Voltei.
Que animação anda por aqui!
E sentir-me esperada.É bom saber que temos alguém à nossa espera.

Rita e Maria Velho:
juntava uma dezena de livros aos que vocês indicaram, ou mais, o tema é inspiração da vida humana, logicamente está nas linhas e entrelinhas de muito do que se tem escrito e bem por este mundo.
a minha sugestão seria usarmos este canto cibernético para ir contando e recontando (historias e livros, respectivamente) os ondes, os quês e os porquês dos amores que nos enfeitiçaram o tempo.
que dizem?

 
At 9/4/07 02:28, Blogger Helena Velho said...

Viva Isi!

A sugestão é boa!!Mas atenção:escrever sobre nós não é o mesmo que escrevermos por nós...


Herman Hesse-para além de ter sido um dos escritores que ( na minha opinião que às vezes parece um tratado;))mereceu sem qq dúvida o prémio Nobel, é um alemão ao "genero" kantiano que nos permite ler e especular a nossa leitura.Siddhartha é um bom exemplo e como ignorante , a treinar para leitora militante, confesso que não li este livro(o do "post").Já não tenho papel para tamanha lista de falhas.Um dia destes deixo de trabalhar e tiro o curso de blogoesferante profissional!

 
At 10/4/07 00:02, Anonymous Anónimo said...

Olá Isi, grande abraço

E te digo que se não tivesse já lido o livro relia-o ainda hoje;)

Dizes tu: "somos a complexidade possível de retratar no cruzamento de todas as vivências que experimentámos." ..."E a luz,..."

Magistral

quanto mais te conheço, mais sei que tive muita sorte na vida.

 
At 10/4/07 00:50, Blogger isi said...

não foi sorte, não, crescemos juntas, ou já te esqueceste disso?!

Adoro-te e serás sempre imbatível naqueles momentos que já me conheces...

E agora, não vamos ficar aqui tipo duas pessoas que ambas conhecemos, eternamente a decidir quem é que paga a conta;)

 
At 10/4/07 00:58, Blogger isi said...

Maria,
por vezes, quando as histórias são mesmo envolventes, encarno nas emoções das personagens.não lhe acontece?
falar por nós, ou falar de nós,nem sempre é clara a diferença.
quantas histórias criámos das nossas vivências, quantas histórias vivemos das nossas leituras?

Vamos a isso!

E aproveito para lhe confessar que o meu sonho é mesmo assim: profissional de escrita, leitura e pensamento. enquanto não sou descoberta por nenhum multimilionário excentrico ou multinacional criativa, continuo a roubar horas aos meus dias,que normalmente são noites, apenas porque sim.

 
At 10/4/07 01:36, Blogger Helena Velho said...

...já o tinha pressentido.
Posso fazer-lhe um desafio??
Não espere pelos "outros"..pegue nos seus escritos, tri-fotocopie, assine cada folhinha que escreveu, e envie para o João Gesta da editora Cadernos do Campo Alegre.Noutro espaço poder-lhe-ei explicar o porquê desta sugestão...

E porque sim nunca é um apenas!!!

 
At 10/4/07 13:17, Blogger isi said...

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