28 maio 2007

Voar e outras coisas leves com os pés em algo insólido

Hoje é dia de história.
Mas, como tenho este feitio revolto, não conto histórias.
Invento filosofia de presente numa espécie de arquitectura da mente.
Voar...
com a alma bem alto
numa asa pendurada
às curvas no vento do céu e os pés pousados
na estabilidade possível
do chão ao sabor das ondas.
As cores do dia quase ficam
eternas no doce dourado,
onde o corpo brinca entre vento e mar.
Quem disse, que não nascemos para voar?

20 maio 2007

Amargo estilo novo

Tudo é fácil quando se está brincando com a flor entre os dedos quando se olham nos olhos as crianças, quando se visita no leito o amor convalescente. É bom ser flor, criança, ou ser doente. Tudo são terras donde brotam esperanças, pétalas, tranças, a porta do hospital aberta à nossa frente. Desde que nasci que todos me enganam, em casa, na rua, na escola, no emprego, na igreja, no quartel com fogos de artifício e fatias de pão besuntadas com mel E o mais grave é que não me enganam com erros nem com falsidades mas com profundas, autênticas verdades. E é tudo tão simples quando se rola a flor entre entre os dedos Os estadistas não sabem, mas nós, os das flores, para quem os caminhos do sonho não guardam segredos, sabemos isso e todas as coisas mais que nos livros não cabem António Gedeão Obra Poética Edições João Sá da Costa 2001

17 maio 2007

Fim de tarde no meio do vale

Ás quartas chegamos cedo.

Por vezes desenrolamos a massa, três círculos à espera de ideias.

Dedos sujos e caras alegres, recheamos com mil coisas e cores os círculos desenrolados, que de seguida aconchegamos no forno já quente.

O fim da tarde ameno, a varanda aberta sobre o sol ainda amarelo. É lá que a mesa se põe, saladas coloridas a enfeitar os cantos que sobram da pizza.

Jantamos entre o entardecer e os risos dos primos, na casa ao lado.

A sobremesa é no quintal, onde apanhamos mil morangos pequeninos cultivados quase vinha, em encosta pequena e soalheira. Pouca água, e tanta abundância de vermelho silvestre desfazendo-se na boca e nas mãos dos mais novitos.

Depois entre baloiços e risos aguardamos o fim do dia, o sol cor de laranja a mudar-nos as feições. É simples

Anoitece devagar enquanto subimos até casa.

11 maio 2007

Os da minha rua

ONDJAKI, na editora Caminho

Este livro chegou-me por mão amiga (anagrama de magia)

Como tal saltou sobre a pilha dos "outros" e foi lido em primeiro lugar. Não tem fotografia porque a máquina não está. Mas tem outras coisas…

No fim dele, Ana Paula escreve: "o teu livro dá conta de como crescem em segredo as crianças."

No Livro, ONDJAKI escreve:

Eu já tinha dito ao Bruno, ao Tibas e ao Jika, cambas da minha rua, que aquele meu tio era muito forte nas estórias. Mas o principal, embora ninguém tivesse visto só um a foto de admirar, era a piscina que ele disse que havia em Benguela, na casa dele:

“- Vocês de Luanda não aguentam, andam aqui a beber sumo tang!

Ele ria a gargalhada dele, nós ríamos com ele, como se estivessem mil cócegas espalhadas no ar quente da noite.

- Nós lá temos uma piscina enorme – fazia uma pausa dos filmes, nós de boca aberta a imaginar a tal piscina. – Ainda por cima, não é água que pomos lá – eu a olhar para o Tibas, depois o Jika:

- Não vos disse?

O tio Victor continuou assim numa fala fantasmagórica:

- Vocês aqui da equipa do tang não aguentam…, a nossa piscina lá é toda cheia de coca-cola!

Aí foi o nosso espanto geral: dos olhos dos outros, eu vi, saía um brilho tipo fósforo quase a acender a escuridão da varanda e a assustar os mosquitos. Nós, as crianças, de boca aberta numa viagem de língua salivada, começámos a rir de espanto e gargalhámos, o tio Victor também, depois rebentámos numa salva de palmas que até a minha mãe veio ver o que se estava a passar

10 maio 2007

A Ler!

Eduardo Pitta,poeta,escritor,ensaísta e crítico literário propõe-nos uma leitura aberta, uma história plena e controversa.

04 maio 2007

Homenagem - 5 Maio em Vila Nova de Gaia

01 maio 2007

Poesia

José Carlos Ary dos Santos

Obra Poética

De entre tanto que gosto da sua poesia

Há um poema que é uma história

E que tem uma canção sempre bailando nas suas linhas,

Senão, escutem:

“Era uma vez um país

na ponta do fim do mundo

onde o mar não tinha eco

onde o céu não tinha fundo.

Onde longe longe longe

Mais longe que a ventania

Mais longe que a flor da sombra

Ou a flor da maresia

Em sete lagos de pedra

Sete castelos de nuvens

Em sete cristais de gelo

Uma princesa vivia.

A canção estende-se da página 115 à 141, de um lado e do outro ( na minha edição)

O que eu gostaria era de a saber cantar de cor…