28 março 2007

Um Milagre de Equilíbrio

Lucía Etxebarria A ideia era ser feliz, sem saber como. Tem a ver com os caminhos de que falávamos em conversas anteriores. De como se chega onde se chega, por vezes sem se dar conta, e de como por vezes, os caminhos nos levam onde temos de ir. Para sermos nós assim, completos... E tem a ver também com a força e o poder que temos em nós, sem que o saibamos por vezes. A força de fazer o que queremos fazer, de conseguirmos alcançar os nosso sonhos. E o poder de sermos nós capazes de mudar o que não queremos em nós...

25 março 2007

Portugal é mesmo um país de poetas

Quase todos nós já ouvimos falar de poesia, poetas, de Fernando Pessoa, António Gedeão,Sofia de Mello Breyner Andresen,de António Nobre, de Camões , de Natália Correia, de Cézariny e tantos outros que a memória evoca quando se solta uma frase, uma nota musical e dizemos prontamente -ah!essa é do poeta...! Mas , votados no silencio dos livros e nas letras de músicas, há poetas maiores que se os lermos vamos, sem dúvida, evocar memórias ainda maiores. Um deles é o Joaquim Pessoa. Deixo aqui um poema belíssimo da sua obra "125 Poemas" da Litexa "Ruas da minha cidade veias que o meu sangue abraça e põe cravos de ansiedade na lapela de quem passa. Ruas da minha cidade onde perco o coração poema diz a verdade! diz a verdade canção! Ruas da minha cidade amanhecendo a firmeza duma ponte entre a saudade e um abril à portuguesa. Ruas da minha cidade onde vingo as minhas asas. O meu nome é liberdade e moro em todas as casas. Ruas da minha cidade praças da minha alegria onde antes da claridade era noite todo o dia. Ruas da minha cidade onde o velho é sempre novo: as ruas não têm idade porque são todas do povo. Ruas da minha cidade becos de ganga puída. oficinas da verdade dos operários desta vida. Ruas da minha cidade janelas do meu olhar onde os pardais da amizade à tarde vêm poisar. Ruas da minha cidade rasgadas por minha mão. a gente passa à vontade quando pissa o nosso chão. Ruas da minha cidade aonde eu quero morrer com cravos de eternidade dos meus olhos a nascer." E agora , já lhes soa familiar?É , é uma canção mas acima de tudo um belíssimo poema. Concordam?

23 março 2007

histórias que fazem pensar

Hoje regresso com uma pequena história. É pequena mesmo. Quase nem é uma história. Mas tem-me feito pensar. Tenho uma varanda onde por vezes passo uns minutos, quase todas as noites. À frente da varanda um estacionamento, com umas ávores pelo meio. Quase todas as noites, oiço, demasiado alto, o som de música muito popular muito portuguesa, proveniente de um carro estacionado. Já sei a história. É um vizinho. Bebe muito. Todos os dias chega não sei de onde, com uma quantidade de alcool exagerada no seu corpo cansado e gasto. E fica ali, no carro, por vezes fica horas dentro do carro. Com a música alto a entrar-lhe ouvidos dentro. Em dias em que estou mais focalizada no que me rodeia, penso nele. Penso no porquê daquela terapia à chegada a casa. Será que ele acredita que ao entrar a música acaba por sair o alcool? E penso também e mais coisas..., penso no caminho que aquele senhor fez para chegar ali. Para chegar ao dia em que o seu único desejo parece ser chegar. Chegar ao estacionamento, ligar a música do carro bem alto, e ali ficar, anestesiado entre alcool e vozes cantadas. Até que a "coisa" passe. Amanhã será outro dia, mas para ele, amanhã já foi ontem e hoje. Todos os dias lhe parecem iguais. Que caminho terá feito para que a vida se tenha tornado assim. Porque se deixa ficar, porque será que perdeu a força para continuar a caminhar. Como é que acontece encontrarmo-nos assim, quietos, em sítios ou tempos de desconforto, de negação, de destruição...não seria suposto o instinto de auto-preservação fazer-nos sair rapidamente desse lugar? "- Estou perdido... - Sabe para onde quer ir? - Não... - Então qualquer caminho é bom!" (qualquer coisa como isto in Alice no País das Maravilhas)

21 março 2007

Doidos e Amantes

Agustina Bessa-Luis

Ando há algum tempo para escrever algo sobre o livro…

E nem sempre me senti com a coragem necessária.

A história passa-se no final do século XIX, e o livro, embora um pouco “redondo” ( não sei explicar melhor, desculpem) faz uma descrição interessante dos acontecimentos.

Achei-o difícil de ler, mas pareceu-me importante pela contextualização que a autora faz dessa época.

Se alguém já o leu, e quiser comentar, faça favor

Obrigada!

18 março 2007

Tangerinas

O sol já pede manga curta e chapéus.

Os miúdos exigem a primeira e tiram os segundos logo que nos distraímos.

Chegamos cedo, ainda cheira a manhã, e corremos a ver a água. O ribeiro no seu serpentear entre pedras ainda leva água que se oiça.

Comemos tangerinas que colhemos no momento, comemos muitas tangerinas…talvez porque são colhidas no momento…

A chegada dos primos vem animar a hora do almoço e a tarde passa, sem pressa, na casa das arvores, nos passeios do ribeiro, a ver as rãs,

E tangerinas, comem-se muitas tangerinas…

Chegamos ao fim do dia e arrumamos os sonhos no banho quente que nos leva a jantar de pijama.

Eles adormecem quase sem história,

A nós sobra alento, e mais tempo,

Para amanhã…

14 março 2007

Inés da minha alma

É o último livro de Isabel Allende.

A aventura da colonização do Peru e do Chile, vista pelos olhos femininos da amante de um conquistador. A magia do amor, a coragem de procurar o destino, a incansável sobrevivência de quem acredita.

As personagens femininas de Isabel Allende são sempre personagens muito fortes, orgulhosas, misteriosas e libertas. Trazem uma lufada de ar fresco e de energia, apenas ensombradas pela crueldade e violência que caracterizaram a conquista destes lugares.

08 março 2007

Cartas

Sempre gostei de escrever cartas,

E de receber também claro.

Hoje, a correspondência via electrónica torna o exercício da escrita de uma carta em papel uma coisa quase obsoleta,

E no entanto não é a mesma coisa.

As cartas levam palavras escritas à mão com letras mais ou menos fáceis de ler,

Cheias de personalidade e carregadas de “sabor a nós”

(lembro de reconhecer quase sempre o remetente pela letra, e ainda hoje, quando vejo textos ou dedicatórias de amigos, reconheço quase imediatamente quem foi o autor daquelas palavras).

AS cartas levam tempo a chegar ao seu destino,

Menos, se forem em selo azul (o azul é a cor das coisas rápidas?) levam um dia ( inteiro, há espera que chegue uma carta.)

E no correio normal, ou internacional, dois, três dias, mesmo uma semana(ás vezes mais)

As cartas levam e trazem emoção, dão trabalho a por no correio, …e a escrever,.. é preciso estar a tento para não dar erros! Podem levar desenhos, esquemas, pequenas piadas nos cantos. As cartas são brincalhonas.

Há muito tempo que não escrevia uma carta, tenho escrito mails, e-mails digo, mas gosto muito mais quando escrevo uma carta.

05 março 2007

Vida e Morte dos Santiagos

Distraí-me!

Andei por aí a ler, livros e blogues,

E deixei este cantinho mais sossegado

Vida e Morte dos Santiagos é um livro que começa por ter piada mas perde o seu rumo a meio.

Nele podemos perceber o nomadismo Cigano e a autoridade do PaterFamília, mas depois, parece que tudo se transforma em embrulhada ou saga familiar sem grande norte.

É uma pena, o livro é grande e prometia mais.